quinta-feira, 28 de abril de 2011

Liga Dura...


Está uma moda de abandonar bebês. Não consigo entender o tipo de crueldade envolvida neste assunto... jogar na lata de lixo, no rio, pelo muro, no banheiro do hospital, numa vala de esgoto... Simplesmente não podiam deixar em um orfanato, ou ir ao conselho tutelar? Quando morei em São Luís, tive a oportunidade de ter a Júlia(nome fictício), recém-nascida, como paciente. Ela foi deixada numa vala de esgoto, ao lado de uma tesoura enferrujada, toda picada por formigas... Teve tétano neonatal. Para quem não sabe, em palavras mais comuns, ela tinha uma rigidez no corpo, não conseguia relaxar as costas, tinha de tomar diazepan para relaxar um pouquinho, além de vários antimicrobianos para as outras infecções. Após curar sua delicada pele, restaram várias cicatrizes. Quando o caso saiu no jornal, um "zilhão" de casais surgiram para adotá-la, com o passar dos meses ninguém mais apareceu. Ficou sendo cuidada por uma ONG católica de freiras enquanto não ia para um abrigo definitivo. A mãe, desconfia-se que era uma adolescente moradora de rua (Júlia foi achada perto da casa da tia do meu ex-noivo, então os boatos no bairro da COHAB se espalhavam). Bem, quem sou eu para julgar essas mães. Muitos danos psicológicos, drogas, depressão pós-parto, desespero,enfim... Percebi que a maioria das mães que fazem isso são multíparas (vários filhos) ou muito jovens, ou moradoras de rua... Até a pobreza influencia.
Uma vez ouvi de uma mãe que me disse que filho se tem, se cria, com dinheiro ou sem, que isso não seria desculpa para não querer um filho, ou adiar uma gravidez. Se o pobre consegue criar (tá, com condições precárias, mas cria) então os mais abastados também. Então creio que a solução seria o planejamento familiar, condições anticoncepcionais e discriminalização do aborto, apesar que neste último caso nem sei se sou a favor ou contra. Penso naquelas grávidas desesperadas que fazem aborto clandestino, ficam doentes e até morrem( vide o filme "Regras da vida"); tomam um monte de remédios e outras drogas e quando os fetos não morrem, podem ter seqüelas terriveis, mal-formações...Mais sobrecarga para o sistema público e privado em tratamento (mas afinal queremos "trabalho", e elas dão "trabalho", e permanecemos empregados, sem ligar para a qualidade de vida que uma mãe e uma criança dessa terá... é só isso?) Imagino que com a discriminalização do aborto ficar grávida não seria um problema, é só ir ao obstetra e pedir para interromper a gravidez, e sexo não seguro seria mais "divertido" ainda, sem preocupações. Aí viriam mais casos de doenças sexualmente transmissíveis(contrair o HIV, o mais preocupante), mais custo ao governo no tratamento destas, etc. Uma bola de neve. Mas que tal promover o uso do DIU (dispositivo intra-uterino) nas jovens? O uso da camisinha já é promovida, são distribuídas nos postos de saúde e na escola, porém ainda aparecem um monte de mães adolescentes (na hora em que pega fogo, não se liga tanto em prevenção... culpa dos hormônios?).
E a Lei 9.263 (Lei Sobre Planejamento Familiar), de 1996 (art.226 da Constituição Federal)? Tá, sei que umas arrependidas da laqueadura tubária correm atrás do prejuízo e tem grana (poucas vagas no sistema público) para reverter o "estrago", inseminações artificiais e etc. No site Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Laqueadura) explica sobre o que é a laqueadura. Mas o que me chama atenção é o seguinte: "Segundo a Lei (9.263, já citada), para ser submetida à laqueadura, a mulher precisa ter mais de 25 anos ou dois filhos. Além disso, ela também precisa de uma reunião de Planejamento Familiar e entrevista com assistente social. A cirurgia também não pode ser feita logo após o parto ou a cesárea, a não ser que a mulher tenha algum problema grave de saúde ou tenha feito várias cesarianas.A decisão de realizar a cirurgia deve ser tomada com ponderação e cautela, visto que a mulher está sujeita a danos psicológicos e muitas chegam a se arrepender de tê-la feito. Segundo alguns dados, cerca de 60% das pacientes que querem fazer reversão é porque mudaram de parceiro, os outros motivos principais são a perda dos filhos ou mudança nas condições financeiras."
Dois comentários: sabe-se que a maioria das laqueaduras são feitas fora da lei. Se conversa com o obstetra, combina o valor ou o esquema, e tudo é feito imediatamenteapós a cesária. Acho que só vi esse negócio de seguir a lei em hospitais universitários... Outro comentário: para que tanta burocracia? Será que não se enxerga que é melhor tanto para as famílias quanto para as crianças que nascem? "Ah, me arrependi de ter laqueado..." fazer o quê? Adota uma dessas crianças que foram enxotadas por suas mães...
E sobre a Júlia, se curou do tétano, recuperou uma aparência natural da pele e foi adotada. Pense bem.

terça-feira, 26 de abril de 2011

30 minutos


Depois de esperar a chuva cair, fui eu quem começou a chorar. Não acreditava que aquilo e outras situações que aconteciam repetidamente ainda me mantinham no mesmo emprego. Chorei de vergonha, de impotência, de raiva, de tristeza. Ver que nas mãos que reanimava um recém-nascido de trinta e três semanas não adiantava o esforço, a paixão e o gostar do que faz, tirar um dinheiro do bolso às vezes para ajudar a comprar uma medicação, fraldas, sabonete ou até uma passagem de volta para a mãe que mora em outra cidade. Não adiantava ter estudado por sete anos e meio, ter me atrasado na faculdade para ter de trabalhar e ajudar minha família. Ter feito uma residência meio desastrosa, em meio à falta de recursos financeiros, novamente ter de por em detrimento meus estudos ao apoio financeiro à família, ter de escolher entre lazer e obrigações, ter depressão e ser chamada de louca pelos seus preceptores, ter um hospital universitário, uma diretora de pediatria e pediatras apaixonados pelo seu trabalho, onde não negavam vaga para criança sequer, mesmo que as enfermarias e UTIs estivessem lotadas (as crianças poderiam ficar nas cadeiras, nos corredores ou até no chão em um pedaço de papelão, como foi na epidemia de dengue no Maranhão em 2007). Naquele momento, não adiantava os idiomas que eu falava, os anos em que estudei piano, tantos livros que li, atualizações, congressos... Não adiantava minha paixão pela profissão. Foram anos que se passaram em minutos. Em trinta minutos. Enquanto reanimava na escuridão, chorava como a criança que achava que no mundo tudo era certo, seguro, responsável, não essa realidade caótica. Eram três crianças graves em uma unidade semi-intensiva neonatal. Eu realmente me achava na escuridão, na escuridão da minha alma. Não sabia o que fazer, onde ir... Adiantava reclamações e alertas já feitos anteriormente? Foram trinta minutos em que a energia faltou, não sabiam como ligar o gerador, a reanimação não funcionava direito. Ao chegar em casa, desabafei: “não estudei tanto,me esforcei em meio a humilhações, me estressei e me estresso todos os dias para não fazer aquilo que aprendi”. É, a saúde pública é um caos e a gente tenta fazer o melhor possível. Como disse Ricardo Gurgel, vice-presidente da Sociedade Sergipana de Pediatria em entrevista ao Fantástico: “O pediatra trabalha muito, recebe telefonema em casa, tem que estar à disposição da família. E ganha pouco”. Quando me acalmei e pensei que só o que podia esperar é que aquela criança morresse (nem a mãe a queria), me vi em confronto comigo mesma: “não é isso que te faz feliz, ajudar as pessoas, tranqüilizar e consolar famílias, compartilhar momentos bons e ruins, cuidar de crianças? Melhor garantir esse emprego”. Percebi que meu coração estava se embrutecendo paulatinamente, imperceptivelmente, mas estava. Porém, o medo de me tornar mais um daqueles médicos que nem olham no rosto do paciente, não sabe dar uma palavra de conforto, não sorri, não tem paciência para escutar, não examina, foi bem maior. Fiz um juramento e esse foi o momento mais feliz da minha vida, o ápice de tanta luta. Agradeço àqueles que reconhecem meu trabalho, até os que o fazem em silêncio. Em trinta minutos,vergonha, raiva, desespero, impotência, escuridão me fizeram ruir. Em trinta minutos, lembranças de sorrisos, esperança, incansável busca pelo saber e a luz de Deus me fizeram voltar a acreditar.

domingo, 24 de abril de 2011

Resolvi dar um tempo a mim mesma. Cansei de procurar. Chega uma idade (no caso a minha, 30 anos) em que as cobranças e comparações são inevitáveis. Mas não estou louca pra casar. Amo meu trabalho, mais até do que devia. Quando estou de folga, fico doida pra dar uma passadinha lá. Me divirto no aeroboxe. Me aprimoro no jiu-jitsu (e eu era tão preconceituosa com isso...). Faço planos. Tento achar o equilíbrio. Quando tiver e se tiver que chegar eu saberei. Quero deixar o passado definitivamente no passado. Ler bastante. Ter uma ótima qualidade de vida. Quitar meu apê, trocar de carro talvez. Viajar, ir a congressos, fazer novas amizades. Vou ter que engular a seco a carência afetiva e canalizar minhas energias e necessidades para outro rumo. Chega de sites de relacionamentos. Chega de sair pensando em paquerar. Então, papai, vovô, papagaio e periquito me deixem em paz. Mas tudo bem, eu entendo vocês.

Já faz tanto tempo...

"No caminho de Santiago me achei.

E quando me achei, me perdi pois te achei.

Meu prícipe encantado, cavaleiro,

cientista maluco, brasileiro.

Aquele por quem meu coração bate,

aquele cujas lembranças ficarão na eternidade.

Por que o que vivemos me impede de outras chances?

Tento achar serenidade pra enfrentar a solidão, mas ela se esvai num relance.

Já faz tanto tempo...

tempo em que nos achamos, brincamos e vivemos...

Vou te deixar brincar de ser feliz..."

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Hoje fiquei toda boba... me deu vontade de sonhar de novo. Mas ando ressabiada, com somente meio pé à frente. É que minha vida amorosa se não a considerasse quase nula neste último ano, eu a consideraria um desastre. Estou com medo de me iludir mais uma vez. Mas esse é o jogo do amor. Quem mandou acreditar nele, ser romântica, acreditar que a "maldição de mulheres frustradas" da minha família (risos) não vai me pegar? Vim para acabar com essa palhaçada. Só espero que não queiram mais me fazer de palhaça.
...

Haja o que houver

MadreDeus

Composição : Pedro Ayres Magalhães

Haja o que houver

Eu estou aqui
Haja o que houver
espero por ti

Volta no vento ô meu amor
Volta depressa por favor
Há quanto tempo, já esqueci
Porque fiquei, longe de ti
Cada momento é pior
Volta no vento por favor...

Eu sei quem és
pra mim
Haja, o que houver
espero por ti...

Há quanto tempo, já esqueci
Porque fiquei, longe de ti
Cada momento é pior
Volta no vento por favor

Eu sei quem és
pra mim
Haja, o que houver
espero por ti...

domingo, 17 de abril de 2011

Sobre uma frase que li

Eu quero um amor pra vida toda, daqueles que só de olhar sabe-se que vale a pena não prestar atenção nos defeitos, que só de sentir, o coração acelera, a imaginação voa, você se lembra de uma música e dá logo vontade de cantar e dançar. Amor daqueles que se celebra do nascer do sol ao nascer da lua, em que a rotina faz parte de algo que se gosta compartilhar. Daqueles que faz sonhos e planos possíveis e impossíveis, que se ri de piadas infames. Que chora de preocupação. De quem se espera ter mil filhos (risos). Amor daqueles que se faz questão de juntar os cacos quando um deles se quebra, e passar super cola, band-aid, merthiolate, dá uma sopradinha e um beijinho e passa. Amor daqueles que você olha nos olhos da pessoa e reconhece que ela te ama e sabe ao mesmo tempo que essa pessoa sabe que você a ama. Amor do trivial ao incomum. Amor que ri da sua chatice e te faz rir de si mesmo. Amor que espera amizade eterna, confiança sempre, compreensão eterna. Que sabe dar o tempo necessário ao outro assimilar certas atitudes suas. Que preserva a individualidade de cada um. Que respeita limites mas sabe a hora certa de quebrar regras. De brincar de quem é mais forte em carregar o outro no colo. De jogar na mesa e fazer amor. De ver TV e rir das coisas mais idiotas. De comentar o jornal e discutir politica, religião, filosofia e futebol sem medo. Amor que soma e até multiplica. Amor que se ama sem vergonha. Amor pra vida toda.